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27/02/2012

Atraso de imóveis vira tormento de anos

"Cbic"
27/02/2012 :: Edição 275

 

Correio Braziliense/BR 26/02/2012
 

Atraso de imóveis vira tormento de anos

Empresas não dão conta do boom na construção de moradias e recorrem a artifícios em contratos para aumentar prazos de entrega. Em todo o país, cerca de 800 mil famílias sofrem com a longa espera por um lar

A oferta farta de crédito imobiliário e o aumento no nível de emprego e de renda da população levaram o setor de construção civil a uma fase estupenda de crescimento. O Brasil nunca teve tantos canteiros de obras, tanto nas capitais quanto no interior. Tamanho entusiasmo, no entanto, foi acompanhado pelo despreparo das construtoras e pelo aumento no tempo de espera pelas chaves da tão sonhada casa própria. Estima-se que, em todo o país, pelo menos 800 mil famílias enfrentem atraso na entrega dos imóveis comprados na planta. Estudo da gerenciadora de obras Tallento mostra que, de dezembro de 2008 ao mesmo mês de 2011, a média de atraso saltou de dois meses e meio para quatro meses e nove dias. Mas são muitos os casos de obras que deveriam estar concluídas há mais de um ano.
Embora ocorram em todo o território nacional, os problemas são mais gritantes nas cidades com atividade imobiliária intensa, como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém, Manaus e Salvador. A incapacidade das empresas do setor de cumprir os prazos estabelecidos em contrato frustrou os planos do casal de bancários Celso Gomes Cavados Filho, 30 anos, e Giselle Caroline Fernandes Cavados, 32. Quando eram noivos, compraram um apartamento de quatro quartos em Águas Claras, com previsão de entrega para novembro de 2010. Como apostavam em um atraso, na pior das hipóteses, de seis meses, marcaram o casamento para julho do ano passado. A precaução não foi suficiente.
Hoje, um ano e três meses depois do prometido, Celso ainda está morando na casa do sogro. "Queríamos chegar da lua de mel e ir para o nosso apartamento", diz o bancário. Responsável pelo empreendimento, a MRV Engenharia informa que o prédio teve o habite-se emitido em janeiro e que a entrega deverá ocorrer em março. Para não prejudicar os clientes, a empresa congelou o saldo devedor até a conclusão do processo de documentação.
A bancária Elisabeth Rosado Maia, 42 anos, comprou, em 2010, dois apartamentos da Brookfield em Águas Claras. O primeiro deveria ter sido entregue em novembro do mesmo ano e o segundo, em maio de 2011. Há mais de dois anos, porém, Elisabeth está pagando aluguel, hoje de R$ 1,6 mil por mês, por uma casa de três quartos em Vicente Pires. O prejuízo já ultrapassa R$ 35 mil. "Esse é um dos poucos problemas. Além de não estar no nosso imóvel, deixamos de ter o rendimento do aluguel que receberíamos do segundo", diz. A Brookfield afirma que já iniciou a vistoria de algumas unidades concluídas e aguarda a ligação definitiva de energia elétrica para a expedição do habite-se dos imóveis.
 
Manobra
 
Na avaliação de especialistas, o Brasil não se estruturou para o boom no segmento da construção civil. Depois do estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, em 2008, grandes investidores apostaram que a crise não atingiria o país e continuaram aplicando recursos aqui. Ao lado do crescimento exponencial no número de novos empreendimentos, os problemas se acumularam. "Fomos para um patamar de atividade muito superior. Além da falta de mão de obra, as prefeituras não têm capacidade de processar os projetos nem os cartórios de emitir os documentos. Nenhum dos atores do processo estava pronto", ressalta José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Apesar do atual cenário na entrega de imóveis, Hernani Varella, sócio-diretor da Tallento, estima que, em 2013, os atrasos vão chegar a, no máximo, 20 dias. Muito longe de ser uma boa notícia para a clientela, esse cálculo considera o fato de as construtoras estarem revendo seu planejamento e aumentando, já no contrato, o prazo de entrega dos imóveis. "As empresas conhecem as dificuldades e, ao fazer um lançamento, consideram um período maior do que estimavam há dois anos", explica. A manobra está expressa em números. Nas contas da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), de 2007 para cá, o prazo estabelecido em contrato para a entrega de construções nas capitais e nas principais regiões metropolitanas saltou de dois a dois anos e meio para, em média, três a quatro anos. 

"Cbic"

 

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