Saneamento Básico : uma dívida social

O jornal O Poti – Diário de Natal, do Rio Grande do Norte, publicou domingo, dia 4 de março, reportagem que mostra a dura realidade de crianças em áreas sem saneamento básico no Brasil.

Dados do Serviço Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) mostram que 19% dos brasileiros não têm abastecimento de água tratada.

E mesmo nas localidades onde o serviço existe, ele muitas vezes é deficiente.

Quase um quarto dos municípios do país enfrenta racionamentos constantes.

Quanto ao esgoto, mais da metade da população, 53%, não tem coleta.

Do pouco que é coletado, menos ainda é tratado: 38%. Ou seja, a grande maioria do esgoto produzido no Brasil acaba sendo jogado diretamente nos rios e lagos.

Estima-se que mais de 470 municípios brasileiros estejam com seus mananciais de água comprometidos por causa dessa poluição. Segundo Johnny Fernandes, diretor de Água e Esgoto da Secretaria de Saneamento do Ministério das Cidades, essa diferença de atendimento está relacionada às prioridades do governo nos últimos 50 anos.

"Quando o governo brasileiro fez seu primeiro plano de saneamento, em 1960, a prioridade era o abastecimento de água. Era um serviço de primeira necessidade", afirma.

"O esgoto não acompanhou e os dejetos foram retirados de perto das pessoas e lançados no meio ambiente".

As informações do SNIS também mostram um esforço para mudar essa realidade.

Ano após ano, cada vez mais municípios recebem obras de saneamento.

Há dez anos, 59% estavam fazendo melhorias no sistema de abastecimento de água. Em 2011, essa porcentagem saltou para 90%. As obras de esgoto acontecem hoje em 44% das cidades. Em 2000, eram apenas 33%.

"Há uma pressão popular por esses serviços, o que influencia o nível de prioridade dos governos", afirma Johnny Fernandes.

"Hoje vemos uma mobilização da sociedade, que se traduz na aprovação da Lei 11.445, que estabelece as diretrizes do saneamento, e também na legislação ambiental".

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