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AGÊNCIA CBIC

26/01/2015

Lá vem o pacote…

"Cbic"
26/01/2015

Revista IstoÉ Dinheiro

Lá vem o pacote…

Por: Denize Bacoccina  

 O governo anuncia aumento de impostos, mas ainda não cortou na própria carne. Empresários temem pelo futuro

 No fim do ano, quando a retrospectiva econômica de 2015 estiver sendo preparada pelos jornalistas, um espaço especial será reservado ao dia 19 de janeiro. Além do surpreendente apagão em dez Estados e no Distrito Federal (leia reportagem aqui), a data ficou marcada pela frustração de dezenas de empresários e dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com o cancelamento, em cima da hora, do primeiro encontro que o setor produtivo teria com o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

 Pior: o motivo para a ausência do ministro foi o prolongamento de uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff, na qual mais um pacote de maldades estava sendo alinhavado. Horas mais tarde, Levy anunciaria o aumento do PIS/Cofins para importados, elevação de IPI para cosméticos, alta de PIS/Cofins e Cide sobre combustíveis e a duplicação do IOF para crédito à pessoa física, com potencial para arrecadar R$ 20,6 bilhões neste ano. O objetivo, segundo o ministro, é aumentar a confiança na economia brasileira, com uma guinada na política de expansão de gastos públicos e estímulos setoriais aplicada nos últimos anos.

 Estamos desenhando medidas que estimulem de várias maneiras a economia, afirmou Levy, que deixou o Ministério da Fazenda e seguiu direto para o aeroporto, com destino a Davos, na Suíça. Na estação de esqui, onde participou do Fórum Econômico Mundial, ele admitiu que o PIB do Brasil pode encolher no primeiro trimestre deste ano (leia reportagem aqui) diante do ajuste fiscal. Embora tenha o mérito de ser realista, a análise do ministro não é do tipo que faz empresários darem pulos de alegria. Na semana passada, o governo também vetou a correção de 6,5% na tabela de Imposto de Renda para Pessoa Física, autorizando apenas um reajuste de 4,5% índice abaixo da inflação , que deve render R$ 7 bilhões aos seus cofres.

 Na prática, o aumento de impostos pressiona a inflação, tira renda do consumidor, reduz as vendas no comércio e faz desabar a produção da indústria.  O reajuste dos combustíveis será superior a 8% em fevereiro e março, o que já levou várias consultorias a revisarem suas previsões para um IPCA bem acima da meta de 6,50%. A LCA Consultores, por exemplo, elevou de 6,98% para 7,20% a sua estimativa. Os reflexos também serão sentidos no nível de emprego, que já parou de crescer, e na renda dos assalariados. Num cenário de inflação alta e mercado de trabalho fraco, é difícil imaginar que o trabalhador consiga ganhos reais, diz Fábio Romão, da LCA.

 A direção das mudanças é correta, mas ainda está longe de conseguir um superávit de 1,2% do PIB, porque muitas das coisas anunciadas poderão ser modificadas no Congresso, reforça o consultor Mansueto de Almeida. No setor produtivo, as reações mesclam o temor de uma recessão e a certeza de que a casa precisa ser arrumada. Aonde vamos parar?, indaga um empresário que prefere não criar conflito público com o governo. Há um consenso de que as medidas vão dificultar o crescimento da economia neste ano, ao encarecer o crédito, elevar o preço dos combustíveis, de importados e cosméticos.

 O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio, espera ser chamado pela equipe econômica para conversar sobre as implicações da mudança na tributação do setor, que agora também se estenderá aos atacadistas. Na mesma linha, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ressalta que as empresas já pagam impostos demais e que o governo deve focar seus esforços no corte de gastos e na melhoria do ambiente de negócios. Um estudo da entidade mostra que as empresas gastam 1,16% do faturamento apenas com a burocracia para preparar e recolher tributos.

 PIBINHO  Acompanhando com lupa as transformações em curso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 1,4% para 0,3% a projeção de crescimento da economia brasileira neste ano. A previsão para a economia mundial foi revisada de 3,8% para 3,5%, mas os Estados Unidos devem crescer mais do que o inicialmente esperado o número foi alterado de 3,1% para 3,6%. Entusiasmado com os indicadores, o presidente Barack Obama declarou, no discurso do Estado da União, na terça-feira 20, que a sombra da crise já passou. Por outro lado, a Europa, às voltas com baixo desempenho e deflação, adotou na quinta-feira 22, um inédito programa bilionário de injeção de recursos, provavelmente inspirado no desempenho americano, com um atraso de preciosos cinco anos, pelo menos (leia matéria aqui).

 No fim de dezembro, o governo da presidenta Dilma Roussef já havia alterado as regras na concessão do seguro-desemprego e em algumas pensões, além de reduzir os subsídios do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o aumento da taxa de juros de algumas linhas de financiamento. Já o pacote de maldades da semana passada não poupou quem pretende comprar imóveis. Na segunda-feira 12, a Caixa Econômica Federal elevou em cerca de dois pontos percentuais os juros cobrados nos empréstimos do setor imobiliário.

 Como a instituição responde por 70% desse mercado, suas taxas acabam influenciando os concorrentes e tendem a encarecer os empréstimos, num momento em que a construção civil está estagnada para complicar, o outro motor de expansão do setor nos últimos anos, o programa do governo federal Minha Casa Minha Vida ainda não foi renovado e depende de aprovação no Congresso, porque envolve subsídio. Diante desse quadro, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) teme que empresas do setor fiquem ociosas depois da entrega das obras em andamento.

 A cereja do bolo indigesto foi a alta da taxa básica de juros na noite da quarta-feira 21. Por unanimidade, a diretoria do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou a Selic de 11,75% para 12,25% ao ano.  Desde 2012, o aperto monetário chegou a cinco pontos percentuais. A elevação da taxa básica de juros traz a certeza de que em 2015 o setor produtivo continuará sendo penalizado, diz José do Egito, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad). Com juros e impostos mais altos neste ano, o empresariado terá de apurar a sua visão de longo prazo na hora de decidir colocar em prática seus planos de investimentos.

 O cenário econômico é adverso, com inflação alta, crescimento zero, dólar subindo, aumento de impostos e alta de juros, afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab). O resgate da confiança geral depende fundamentalmente das sinalizações dadas a partir de Brasília. O corte de benefícios e o aumento de impostos são a face mais perversa e de simples execução do ajuste fiscal em curso. Falta o governo cortar na sua própria carne. Mais importante do que elevar os juros ou aumentar tributos, é cortar os gastos para controlar a inflação, afirma Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo. Algo que parece ser elementar, menos na capital federal, como mostra a reportagem a seguir.

 


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