AGÊNCIA CBIC
Há muito mais do que estádios, diz ministro
Entrevista Jorge Hage
AMANDA ALMEIDA
LEONARDO CAVALCANTI
o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, acusa a oposição de "induzir" o cidadão que protesta contra os preços da Copa do Mundo ao erro. Ele alega que os manifestantes são levados a acreditar que o preço de todas as obras da Copa é gasto só com estádios. "É preciso distinguir. Uma coisa é o custo dos estádios, que é uma parcela relativamente pequena do total da matriz da Copa, que é de cerca de R$ 26 bilhões. Os estádios não chegam a R$ 8 bilhões", defende Hage.
A maioria das obras da Copa saiu mais cara que o previsto. As auditorias da CGU apontam irregularidades?
Há dois tipos de situação. Em alguns casos, realmente apontamos sobrepreço, como no Maracanã, de R$ 174 milhões. O estado (do Rio de Janeiro) procurou explicar, chegamos a um momento de impasse, o BNDES suspendeu a remessa de recursos do financiamento. Depois, o assunto foi a julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU), que aceitou, em parte, as explicações do estado. Sobrepreço é diferente de superfaturamento, que é quando o valor já foi faturado. Há outros casos (cujo preço final saiu maior) que eram defeito de projeto. É o mais comum e acaba requerendo aditivos.
No fim das contas, não dá no mesmo para a sociedade, que acaba pagando mais para a obra?
Se o aditamento for justo e necessário, não é a mesma coisa. No caso de superfaturamento, tem uma gordura que iria para o bolso de alguém. (No caso de falha no projeto) O que há de errado é que a empresa pode ter ganhado a licitação por conta do preço mais baixo e, então, há prejuízo para as outras. Mas não um prejuízo para a sociedade propriamente. Porque o preço justo era aquele mesmo.
Há mais exemplos de sobrepreço, além do Maracanã?
A Arena da Amazônia, por exemplo, demorou muito para chegar a um entendimento sobre o preço justo. Tanto que a obra atrasou vários meses. Muitas vezes, acusam-se os órgãos de controle de atrasarem as coisas. É um cabo de guerra. Não se pode afrouxar enquanto está convencido de que há sobrepreço. E, se o órgão executor continua na defesa daquele valor, vai acabar atrasando obra. Mas, paciência, a gente não pode abrir mão disso.
Uma das críticas nas manifestações de 2013 eram os gastos do Mundial. Como o senhor avalia isso do ponto de vista político?
Há um enorme equívoco. Da parte de alguns, intencional. De outros, mera desinformação. É confundir custos dos estádios com o da matriz. Há muito mais do que estádios. Há obra de mobilidade urbana, de aeroporto, de portos. Obras que a população quer e que felizmente foram aceleradas. Tiveram um prazo final definido pela Copa. Não é para o Mundial. É obra para o país. É preciso distinguir. Uma coisa é o custo dos estádios, que é uma parcela relativamente pequena do total da matriz da Copa, que é de cerca de R$ 26 bilhões. Os estádios não chegam a R$ 8 bilhões. Outra confusão que se faz é o quanto de dinheiro público federal está sendo usado. Tem dinheiro de estado, de prefeitura, de empresa privada. No discurso oposicionista, oportunista, é deliberado o equívoco. Já o cidadão que está manifestando está sendo induzido ao erro por causa desse discurso manipulador.
"No discurso oposicionista, é deliberado o equívoco. Já o cidadão que está manifestando está sendo induzido ao erro por causa desse discurso manipulador" Jorge Hage, ministro-chefe da CGU
Fonte: Correio Braziliense – Política