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AGÊNCIA CBIC

18/02/2015

Empreiteira de MG vira a segunda maior recebedora da União

"Cbic"
18/02/2015

Valor Econômico – 18 de fevereiro

Empreiteira de MG vira a segunda maior recebedora da União

Por Fábio Pupo e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo e Belo Horizonte 

 Construção Pouco conhecida, CCM fica à frente de empresas como Camargo Corrêa e Queiroz Galvão

A lista das dez empreiteiras que mais receberam dinheiro de forma direta do governo federal em 2014 traz uma empresa pouco conhecida de Belo Horizonte em posição privilegiada. A Construtora Centro Minas (CCM) alcançou o cobiçado segundo lugar do setor no ranking após ocupar o espaço no mercado antes detido pela construtora Delta.

Com R$ 602,5 milhões recebidos ao longo de 2014, a CCM só ficou atrás da Construtora Norberto Odebrecht (CNO) – maior do país. A campeã recebeu ao todo R$ 1,13 bilhão, principalmente pela instalação de um estaleiro para construção e manutenção de submarinos para o Ministério da Defesa. A CCM ficou na frente até da construtora Camargo Corrêa, terceira maior do país (e também a terceira empreiteira no ranking das recebedoras) – que recebeu pagamentos por obras de rodovias e de ferrovias (como trechos da ferrovia Norte-Sul).

No caso da "revelação" CCM, todos os recursos recebidos de forma direta foram pagos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Os serviços se referem à manutenção de trechos rodoviários em diferentes regiões do país. Os contratos do governo foram fundamentais para a CCM registrar números que a colocam hoje acima de vários nomes famosos da construção pesada. Em 2014, a empresa faturou R$ 900 milhões, o que representa uma alta de 1185% comparado com 2010, quando apurou R$ 70 milhões.

Na sede da companhia, no oitavo andar de um edifício discreto na região central de Belo Horizonte onde as salas são delimitadas por divisórias comuns, é onde trabalha Luiz Otávio Fontes Junqueira – um dos sócios da companhia. Ele diz que a especialidade da CCM é conservação, manutenção e restauração de vias e estradas. Seu principal cliente é o Dnit, mas a empresa também constrói residências enquadradas no Minha Casa Minha Vida. "Principalmente no governo Dilma, aumentou o investimento do Dnit e nós aproveitamos esse espaço", afirma.

Uma das rodovias alvo de contrato entre o Dnit e a CCM é um trecho de 213 km da BR-364 em Rondônia. Em maio do ano passado, o contrato no trecho chegou a ser alvo de um ataque no Senado Federal. Senadores chegaram a dizer que a obra nem tinha começado, mas já constava no relatório como iniciada.

Após a visita de uma comissão de senadores, foi verificado que a obra não havia sido iniciada. A responsabilidade das informações sobre quando os trabalhos tinham sido iniciados, no fim das contas, foi atribuída às empresas do consórcio contratado, dentre elas a CCM.

Fundada em 1988, a CCM, tem como sócia, além de Junqueira, Maria Aquino Mendes Leite. Ela é viúva de outro fundador, que morreu em 1991. Os dois sócios, no entanto, estão partindo para negócios separados

Seu principal contratante, o Dnit, de fato viu um salto desde 2010 no volume de obras para as quais o Ministério dos Transportes liberou recursos. Em 2003, primeiro ano do PT na Presidência da República, com Luiz Inácio Lula da Silva, o ministério desembolsou R$ 979,6 milhões para rodovias. Em 2009, o valor executado já tinha subido para R$ 7,8 bilhões, o que já era de longe a maior marca desde pelo menos 1995, segundo uma tabela que o ministério apresenta em seu site. Em 2010, um novo patamar: R$ 10,9 bilhões. Em 2011, primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff, os desembolsos chegaram a R$ 10,2 bilhões e depois de uma baixa para nos dois anos seguintes (que chegou a R$ 8,7 bilhões), o valor voltou aos R$ 10,3 bilhões em 2014.

A CCM surfou na inda dos desembolsos públicos em obras de infraestrutura. Aproveitou, também, um espaço que foi aberto no segmento de obras de reparos quando a Delta Construções, que tinha um papel de destaque nesse mercado, caiu em desgraça num escândalo de corrupção.

"A Delta, do Fernando Cavendish, era uma grande empresa. Nós concorríamos com eles", disse Junqueira. A rival acabou sendo foi um dos principais alvos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que em 2012 investigou as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

'A Delta, do Cavendish, era uma grande empresa. Nós concorríamos com eles', diz Junqueira, um dos sócios da CCM 

 A CCM, afirma Junqueira, não tem hoje como concorrentes grandes empreiteiras. Uma das razões, na sua avaliação, é que os preços da tabela de referência usada pelo Dnit achatam demais as margens de ganho de companhias que têm capacidade para obras muito maiores e muito mais caras. Num levantamento feito no ano passado pela Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor) mostrou que desde 2011 cai o número de grandes empreiteiras que não fecham contratos com o Dnit.

Luiz Junqueira diz que a CCM tem contratos com o órgão – sempre para conservação, manutenção e reparação – por quase o país. Menciona Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Bahia, Sergipe, Alagoas, Piauí e Pará. Com o Minha Casa, Minha Vida, a presença é menor: a empresa está em São Paulo, Minas, Rondônia, Pará e Paraíba.

Segundo ele, a empresa tem hoje 3.472 funcionários, zero de dívida com bancos (a dívida está concentrada no Finame) e tem créditos milionários a receber, diz o empresário. Só do Dnit, diz ele, são aproximadamente R$ 120 milhões. O órgão vem atrasando os pagamentos às empresas desde o ano passado e informou à reportagem que eles estão sendo regularizado à medida que o Tesouro Nacional repassa os recursos. Somando os valores devidos por outras instituições federais e estaduais, o crédito da CCM está em R$ 211 milhões, diz o empresário.

A CCM chegou ao seu ápice em 2014 e também chegou a seu fim anunciado. Luiz Junqueira disse que ele e Maria Leite decidiram fazer uma cisão amigável na empresa e se tornarão concorrentes. "Meus filhos são engenheiros e os dela também". A nova empresa de sua família se chama LCM e a de Maria Leite, se chama Ethos. Ambas já estão disputando concorrências. E a quase bilionária e quase desconhecida CCM vai sumir de cena à medida que for terminando os contratos que executa pelo país.

Questionado pela reportagem, o Dnit informou que a CCM não consta no rol das empresas que receberam algum tipo de penalização do órgão por alguma irregularidade. A Controladoria Geral da União (CGU) disse que "não foram identificadas constatações relevantes envolvendo a empresa [CMM] e que levantamentos efetuados somente identificaram falhas formais e ou pequenos defeitos construtivos".

Na lista geral dos maiores recebedores do governo federal, conforme o Portal da Transparência da CGU, lidera o ranking o Itaú Unibanco – com R$ 1,21 bilhão em 2014. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, os pagamentos referem-se a repasses para terceiros e o banco apenas é usado como intermediário na maioria dos casos. Como, por exemplo, para pagamentos de servidores públicos do próprio governo federal. Outro caso é o de linhas de financiamento para a agricultura, geridas pelo banco.

Nesse lista geral, em segundo lugar ficou a Embraer – com R$ 1,13 bilhão -, seguida pela Odebrecht, com R$ 1,13 bilhão. Entre outros grandes recebedores estão Anhanguera Educacional, Caterpillar, CNH, Itaipu Binacional e o banco Santander (R$ 474 milhões).



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