Logo da CBIC
02/10/2017

Projeto “O Futuro da Minha Cidade” discute como será Campo Grande em 2037

Como será Campo Grande em 2037? Foi com este questionamento que o público deixou o evento de apresentação do projeto “O Futuro da Minha Cidade”, realizado nesta quinta-feira (28/09), no Edifício Casa da Indústria, pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul), em parceria com a Fiems, Secovi/MS (Sindicato da Habitação do Estado), com correalizaçao do Sesi e patrocínio da Caixa Econômica Federal.

A ideia do evento é dar o pontapé inicial na mobilização da sociedade e provocá-la a pensar o planejamento da Capital para os próximos 20 anos. “O modelo atual de apresentar nossos anseios, enquanto sociedade organizada, está ultrapassado. De quatro em quatro anos, no período eleitoral, as entidades representativas se reúnem, elaboram um documento com sugestões. Os candidatos participam de reuniões, debates, apertam a mão de cada um, fazem promessas e aquela é a última vez que ele terá lido aquelas propostas”, pontuou o presidente da Fiems, Sérgio Longen, ao abrir o evento.

Ele acrescenta que a Fiems, como representantes da indústria, de todas as propostas que elaborou para o setor, 99% delas foram jogadas fora. “Então, já vimos que não funciona. Tem que ser diferente, a sociedade precisa discutir, participar demais e depois cobrar e acompanhar a implantação dessas propostas, coisas pertinentes como mobilidade urbana, educação, saúde, de que forma podemos melhorar nosso futuro”, disse. 

 

Boas práticas de gestão

O projeto já passou por outras 19 cidades brasileiras e, em cada uma delas, foi apresentada a proposta de construir um conselho plural e apartidário, composto por diversos setores da sociedade, para elaborar um modelo de planejamento sustentável para o desenvolvimento econômico e social de Campo Grande. Consultor da CBIC e palestrante do evento, o engenheiro civil Silvio Barros, que é ex-prefeito de Maringá (PR) e se destacou nacionalmente graças as boas práticas de gestão, apresentou outro questionamento que, segundo ele, visa provocar e tirar as pessoas da zona de conforto.

“Seremos reféns ou protagonistas desse futuro? Quem, efetivamente, parou em algum momento para pensar como será a cidade em que vive dentro de 20 anos?”, perguntou o palestrante. “A única forma de proteger um projeto de longo prazo e impedir a descontinuidade política pelo gestor público é se o projeto não for do gestor público, mas da sociedade. A sociedade tem que amadurecer e se revestir da visão de que o gestor é um servidor e, além de cobrar que ele trabalhe, participar para que a cidade seja como elas esperam. Independente da infraestrutura, do planejamento atual, o que importa é a vontade das pessoas”, disse.

“Não tinha sentido algo tão grandioso ficar restrito a só uma cidade. O projeto é um instrumento fantástico que pode nos levar a resgatar o brilho no olhar do campo-grandense”, analisou o representante da CBIC no Estado, Kleber Luiz Recalde, que também é vice-presidente do Sinduscon/MS e diretor da Fiems.

 

 

Coletividade

Também palestrante do evento, a arquiteta urbanista Marcela Arruda destacou a importância da ocupação dos espaços públicos e o pensamento coletivo. “A ideia é conseguir sensibilizar e criar um conselho gestor que vá criar um plano para uma Campo Grande do futuro. Viemos fazer um convite para que as pessoas compreendam o quanto estão interessadas em participar e colaborar para que o plano seja desenvolvido em conjunto”, contou a pesquisadora, que passou dias em Campo Grande em busca de costumes da cidade. De destaque, o hábito campo-grandense de tomar tereré na frente das casas. “É um ótimo exemplo de compartilhamento e ocupação dos espaços”, opinou.

O presidente do Secovi/MS, Marcos Augusto Netto, pontuou que Campo Grande já é modelo de comportamento participativo há 30 anos, e que agora o modelo pode ser aprimorado. “Com a criação desse conselho apartidário, sem qualquer viés político, ou seja, uma síntese das forças da sociedade civil organizada, vamos poder trazer para cá casos de sucesso de várias cidades do Brasil”, disse.

 

Presidente do Sinduscon/MS, Amarildo Miranda Melo ressaltou que as ideias não podem ficar só no papel. “Que não fique só no papel, porque o papel comporta tudo, mas que possamos trazer exemplos de outras cidades do Brasil e outros países e, dentro das nossas particularidades, traze-los para cá, de forma a melhorar, de fato, a cidade e de cada morador”, afirmou.

 

Presente no evento, o empresário do segmento supermercadista Beto Pereira lembrou que Campo Grande é privilegiada em termos de qualidade de vida e que isso precisa ser preservado para as gerações futuras. “Temos excelentes parques, o trânsito da nossa cidade é bom, com as avenidas largas e bem planejadas, mas Campo Grande está crescendo, o que exigirá um bom planejamento estrutural para que nossos filhos e netos possam desfrutar de uma cidade progressista e organizada”, declarou.

 O Projeto

O projeto “O Futuro da Minha Cidade” busca sensibilizar as principais lideranças do município mostrando que é possível trabalhar em parceria – a sociedade e a prefeitura – para assegurar o crescimento econômico da cidade e a melhoria de sua qualidade para as pessoas. Para que isso aconteça, é preciso que seja criado um conselho com pessoas comprometidas e envolvidas com a concretização das ideias, com diversas funções, como: os representantes, que lideram ações de sensibilização e mobilização de lideranças; os participantes, que são formadores de opinião e podem dedicar seus conhecimentos, habilidades e atitudes; e os facilitadores, que são treinados para planejar, preparar e administrar o processo.

Como cada cidade tem particularidades em relação à sua história, evolução populacional, nível de organização social e identidade cultural, política e econômica, é preciso que essas características sejam respeitadas e incorporadas no desenvolvimento do projeto. Por isso, é de extrema importância que seja feito um trabalho de avaliação da maturidade da cidade antes do início do projeto.

Para ficar mais exemplificado, o projeto acontece de acordo com as seguintes etapas: sensibilização, mobilização, institucionalização, formalização, legalização, operacionalização e planejamento de longo prazo. O projeto precisa também de acompanhamento e avaliação.

Para isso, as reuniões em todas as etapas precisam ser registradas e documentadas, com listas de quem esteve presente, os assuntos tratados e suas resoluções. Se tiver a possibilidade, recomenda-se gravar e fotografar esses encontros, para que os arquivos possam contar melhor a história. A partir da proposta deste projeto é possível ter uma ideia do potencial que tem a sociedade quando se organiza para o bem comum. Basta que um grupo de pessoas dispostas a fazer o bem umas às outras se reúnam de forma consistente e com um propósito bem definido para que os resultados apareçam.

COMPARTILHE!

Agenda CMA

Abril, 2024